quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Oficina 16 – 03 nov. 2009

1º momento


Leitura compartilhada do poema Sobressalente, de Candido Portinari.



SOBRESSALENTE

O mar olha-me dia e noite nos abandonamos

Às vezes, somente por alguns instantes

Assiste minha solidão e ao trabalho

A lua vai subindo em nossa frente

Quando se apresenta nitidamente redonda

Parece concentrar os olhos sobre mim

Em cada banco de pedra há mais de um

Casal de namorados. Nunca vivi assim

Fui diferente; fui sempre sobressalente

Em tudo. O que todos tiveram não tive

Às vezes penso ter vindo por engano.

O material usado para me fabricarem,

lá no infinito, estava destinado a

Realizar folhas de árvore ou... água.

Por que vieste se nada sentes; me

Habituaria a pensar em ti no silêncio

Já eras uma fábula. Não ouves o

que digo. Desconversas sempre.

Quase nada sei de ti e nada

Queres saber de mim.

Sequei como a árvore no campo

O pouco de verde aparenta

Vida. Meus amigos mortos, mais

Vivos e mais estimados.

Só eles me darão vida...

Estão colocados em minha

Memória com as lembranças

De infância—nuvens brancas
Desfilando: cidades
Se movendo. Vou sobrando nada mais
Existe.
Assim sem alicerce vou afundando
No vácuo.



2 º momento



Introdução ao tema da Unidade 7 (TP2): A arte: formas e função

  • Os objetivos da unidade:

– identificar a arte na vida cotidiana;

– identificar formas e características da arte;

– indicar as funções da arte.


  • Arte e cotidiano

A arte é um elemento presente no cotidiano de todas as pessoas?

Muitas vezes, fazemos uso automático e utilitário da arte e, por isso, acabamos por não diferenciá-la de outros objetos de nosso cotidiano.

Frequentemente, consideramos arte apenas o que está em certos lugares e situações adequados a sua fruição (museus, centros culturais, teatros, galerias) e o que foi consagrado pelos entendidos.

Quais expressões artísticas fazem parte do seu cotidiano? Como?

Apresentação de fotografia de algumas obras de arte presentes nas ruas e outros espaços públicos de Juiz de Fora e que, em geral, são pouco notadas : O menino soltando pipa (FIG1: escultura localizada no cruzamento da Av. Independência com a rua Santo Antônio); detalhe do painel de azulejos As quatro estações, de Cândido Portinari, (FIG. 2: presente na fachada do Edifício Clube Juiz de Fora); detalhe do painel de pastilhas Cavalos, de Portinari (FIG.3: decora a fachada do Edifício Clube Juiz de Fora;) fachada lateral do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (FIG. 4); detalhe da pintura de Ângelo Bigi no foyer do Cine-Theatro Central (FIG. 5).










Questionar se esses elementos são conhecidos e onde estão localizados (nenhum dos cursistas foi capaz de reconhecer todas as figuras, embora as obras retratadas se localizem em espaços frequentados constantemente por eles).


  • A arte: classificação e características

Arte e fantasia: a fantasia é uma forma de desejar alguma coisa, possível ou impossível, que não aconteceu ainda; a arte é um dos meios de manifestar as fantasias.

Análise de Vou-me embora pra Pasárgada, de Manuel Bandeira.


Vou-me embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar

– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


A arte como interpretação da realidade: a arte não é a realidade; é uma representação da realidade produzida de acordo com as percepções e interpretações do artista; é um convite para que o receptor reveja o mundo a partir de uma nova ótica, de um novo ângulo e para que, também ele, construa novas interpretações.

Comparação entre as obras Monalisa, de Da Vinci (FIG. 6) e Monalisa de Botero (FIG. 7).





Arte e conotação: é a conotação que permite as múltiplas significações de um texto (verbal ou não), traduz interpretações feitas por determinados sujeitos, não por todos.

Paixão pela forma: o fazer artístico está intimamente ligado ao uso de recursos formais, que podem ser empregados pelo artista para desestabilzar o leitor, criar um estranhamento que o leve o fruidor a aceitar o convite de construir novas interpretações do real.

Análise da tela “Lavrador de Café”, de Portinari, em que se destaca a desproporção dos lábios e dos membros do lavrador em relação à cabeça e ao tronco.



3 º momento


Introdução ao tema da Unidade 8 (TP2): A linguagem figurada

  • Os objetivos da unidade:

– identificar figuras na linguagem cotidiana;

– identificar as várias possibilidades da linguagem figurada no texto literário;

– identificar figuras do plano sonoro e sintático do texto.

  • A expressividade da linguagem cotidiana
  • Figuras e linguagem literária
  • Elementos sonoros e sintáticos de expressividade

Os temas da Unidade 8 foram abordados no desenvolvimento de atividades do próprio TP.


Atividades avaliativas previstas


– Desenvolvimento pelos cursistas de uma das atividades sugeridas nas seções Avançando na prática das Unidades 7 e 8.



Oficina 15 – 27 out. 2009

1º momento


Leitura compartilhada:


TUDO O QUE HOJE PRECISO REALMENTE SABER, APRENDI NO JARDIM DE INFÂNCIA

Robert Fulghum

Tudo o que hoje preciso realmente saber sobre como viver, o que fazer e como ser, eu aprendi no jardim de infância. A sabedoria não se encontrava no topo de um curso de pós-graduação, mas no montinho de areia da escola de todo dia. Estas são as coisas que aprendi lá:

1. Compartilhe tudo.

2. Jogue dentro das regras.

3. Não bata nos outros.

4. Coloque as coisas de volta onde pegou.

5. Arrume a sua bagunça.

6. Não pegue as coisas dos outros.

7. Peça desculpas quando machucar alguém.

8. Lave as mãos antes de comer e reze antes de deitar.

9. Dê descarga.

10. Biscoitos quentinhos e leite fazem bem para você.

11. Respeite o outro.

12. Leve uma vida equilibrada: aprenda um pouco, pense um pouco... e desenhe.. e pinte... e cante... e dance... e brinque... e trabalhe um pouco todos os dias.

13. Tire uma soneca às tardes.

14. Quando sair, cuidado com os carros.

15. Dê a mão e fique junto.

16. Repare nas maravilhas da vida.

17. O peixinho dourado, o hamster, o camundongo branco e até mesmo a sementinha no copinho plástico, todos morrem... nós também.

NOTE:

Pegue qualquer um desses itens, coloque-os em termos mais adultos e sofisticados e aplique-os à sua vida familiar, ao seu trabalho, ao seu governo ou ao seu mundo e verá como ele é verdadeiro, claro e firme. Pense como o mundo seria melhor se todos nós, no mundo todo, tivéssemos biscoitos e leite todos os dias por volta das três da tarde e pudéssemos nos deitar com um cobertorzinho para uma soneca. Ou se todos os governos tivessem como regra básica devolver as coisas ao lugar em que elas se encontravam e arrumassem a bagunça ao sair.

Estas são verdades, não importa a idade.

Ao sair para o mundo é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos.


2 º momento


Introdução ao tema da Unidade 5 (TP2): Gramática e seus vários sentidos


  • Os objetivos da unidade:

– caracterizar a gramática interna e o ensino produtivo;

– caracterizar a gramática descritiva e o ensino reflexivo;

– caracterizar a gramática normativa e o ensino prescritivo.


  • A gramática interna e o ensino produtivo


Leitura da transcrição de uma conversa entre uma criança de dois anos e nove meses, sua avó e a babá (p.14-15).


– Filhinha, você quer ir pra escolinha com a vovó? (fala da avó).

– Eu vô com o papai, porque o carro dele é mais gande.

– Uai, Sofia, o carro da vovó é muito maior... (fala da babá).

– Não, o carro do papai é mais bonito.

– Mas, Sofia, o carro da vovó é novinho... (fala da babá).

– Eu vô no carro do papai porque o carro dele é todo azulzinho e combina com a roupa da escolinha...

– Vamos, filhinha, o papai chegou. Põe a roupinha.

– Eu não sabo pô, não, vovó. Me ajuda, vovó.


– Na conversa transcrita, os três falantes se entendem perfeitamente, não só o vocabulário conhecido por todos, mas também a organização das palavras, usadas numa combinação característica da língua portuguesa.

- A criança, embora ainda não domine completamente a linguagem dos adultos, é capaz de, tanto quanto a avó e a babá, usar flexões de masculino e feminino, das pessoas dos verbos. Emprega também adequadamente a relação de causa (“Eu vou com o papai, porque o carro dele é mais gande”) e a gradação (perceptível quando a criança apresenta argumentos mais consistentes a cada contraposição feita pela babá).

- A menina, a babá e a avó falam a mesma língua, usam um conjunto de regras dessa língua que foi sendo internalizada desde o início da aquisição da linguagem e que vai sendo empregado de forma inconsciente e independentemente de qualquer estudo sistemático da língua: a chamada gramática internalizada, interna ou implícita.

O domínio de regras básicas da língua fica evidente nos “erros” cometidos pela criança:

  1. o emprego de “mais gande” demosntra que a menina sabe que a comparação de superioridade, em língua portuguesa, se faz com o uso de mais seguido do adjetivo (mais velho, mais forte, mais bonita etc.).
  2. em “Eu não sabo pô”, revela-se o conhecimento de que o presente do indicativo do verbo é feito subtraindo-se o sufixo do infinitivo e adicionando-se um -o (fal-ar/fal-o; escrev-er/escrev-o).

O que a criança não domina ainda são as exceções.

No ensino da língua, o trabalho deve partir da gramática internalizada e realizar-se com o objetivo de ampliá-la e desenvolver a competência discursiva do aluno. Esse é o chamado ensino produtivo da língua.

Análise da Aula 1 (AAA 2, p.13-15).


  • A gramática descritiva e o ensino reflexivo

Leitura de publicidade que ilustra situações específicas de comunicação e em que foram usados três registros diferentes (p.19).

Ao analisarmos a publicidade considerando o uso feito da língua observamos que:

  1. há, nos textos, pelo menos duas vozes, a dos criadores (nas duas primeiras frases e talvez no texto técnico – poderíamos considerar essa como a voz da agência) e a de Joel, o carroceiro, inscrita na carroça;
  2. exceto pela parte inicial de seu texto, Joel usa as mesmas regras básicas que os anunciantes; ao escrever “velio” em lugar de “velho”, o carroceiro emprega uma opção gráfica possível na L.P. (matilha/família);
  3. os anunciantes iniciam a publicidade com linguagem coloquial, em forma de pergunta e resposta, revelando traços da linguagem oral, o que remete ao assunto que está sendo aboradado: telefone.

Essas considerações são, na verdade, a descrição do uso da língua por seus falantes, em situações comunicativas específicas. Para fazermos essa descrição, analisamos os textos produzidos pelos falantes, depois analisamos o que observamos. Esse é um exemplo da gramática descritiva.

A gramática descritiva se interessa especialmente pela modalidade oral da língua (sua forma “natural”), que é usada por todos os falantes.

Todos os falantes, em maior ou menor grau, demonstram algum interesse pelos fatos da língua e seus mecanismos.

Considerar os fatos e mecanismos que são mais significativos e levar os nossos alunos a observarem os usos da língua, refletir sobre eles e tentar entender os mecanismos axilia-os a aumentar sua competência discursiva.

A gramática descritiva e o ensino reflexivo têm de apoiar-se na gramática internalizada dos alunos: eles só podem efetivamente observar o que conhecem e dominam, como locutores ou interlocutores.

Análise da Aula 7 (AAA 2, p. 37-39): desenvolve-se a gramática interna transformando textos.


  • A gramática normativa e o ensino prescritivo

A gramática normativa tem o interesse voltado para as regras da norma culta, privilegiando a modalidade escrita e a linguagem literária, o que restringe suas possibilidades de instaurar-se como centro de estudos linguíticos na escola. Hoje, seu ensino deve ser reduzido aos momentos em que se tem como objetivo desenvolver a capacidade do aluno para usar língua padrão, em situações de formalidade.


3 º momento


Introdução ao tema da Unidade 6 (TP2): A frase e sua organização


  • Os objetivos da unidade:

– conceituar e identificar a frase;

– estabelecer a diferença entre frase, período e oração;

identificar a pertinência das diferentes organizações da frase e do período em cada texto.


  • Os temas da unidade foram desenvolvidos a partir da análise de atividades sugeridas no AAA2.

Atividades avaliativas previstas

– Desenvolvimento pelos cursistas de uma das atividades sugeridas nas seções Avançando na prática das Unidades 5 e 6.