quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Oficina 13 – 06 out. 2009

1º momento

Leitura compartilhada do poema "Traduzir-se", de Ferreira Gullar.

TRADUZIR-SE

Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

2º momento

Apresentação das aplicações de atividades do "Avançando na prática" e troca de experiências.

3º momento

Introdução ao tema da Unidade 2 (TP1): Variantes línguísticas: desfazendo equívocos

Os objetivos da unidade:
– caracterizar a norma culta;
– caracterizar a linguagem literária;
– caracterizar a língua oral e a língua escrita.
  • Língua, cultura e práticas sociais e língua e exclusão

– Exibição da charge Muita injustiça.




– Identificação da variante lingüística empregada pelo orador (personagem da charge), da situação comunicativa retratada e discussão a respeito da necessidade do ensino da norma culta.

– Caracterização da norma culta:
i. uma norma é escolhida para ser a variante posta à disposição de todos os falantes da língua. Teria o papel altamente louvável de estabelecer um padrão comum a todos os falantes de determinada comunidade lingüística e facilitar a interação entre eles em muitas situações;

ii. é culta, porque se refere ao uso dos grupos escolarizados, em geral privilegiados do ponto de vista social e econômico e, portanto, também cultural;
iii. a norma culta é escolhida como norma-padrão, que é usada nos documentos, sobretudo os oficiais, em grande parte da literatura, dos escritos e falas da imprensa. Sua maior característica é a correção pautada na gramática normativa;
iv. não é melhor nem pior, mais bonita ou mais feia do que qualquer outra norma/dialeto;
v. não é obrigatoriamente o espaço da língua escrita ou da literatura;
vi. deve ser trabalhada na escola como dialeto a ser dominado aos poucos pelo aluno, por ser o mais adequado a certas situações de comunicação.

– Análise dos mitos destacados por Marcos Bagno em Preconceito Linguístico.

– Análise dos textos “A carta de Alfredão” e “Resposta de Bertolino” com o objetivo de verificar as dificuldades de comunicação entre os interlocutores em virtude da utilização de uma variante que não era dominada por ambos.

  • A linguagem literária

– No texto literário, há liberdade completa no uso das variantes da língua. O autor pode empregar a norma culta ou o dialeto popular, o registro mais formal ou mais informal, dependendo de suas intenções, do assunto, do ambiente e dos personagens retratados.
– Leitura dos textos Aos poetas clássicos, de Patativa do Assaré, e Murilograma a Fernando Pessoa, de Murilo Mendes para análise das escolhas linguísticas feitas por cada um dos poetas.

  • A língua oral e a língua escrita

– Leitura do texto "Sexa", de Luís Fernando Veríssimo, com objetivo de reconhecer características próprias das modalidades oral e escrita da língua.

– Traços da linguagem oral:
i. presença dos envolvidos na situação comunicativa (pai e filho estão frente à frente e têm turnos de falas);
ii. o locutor conta com o apoio da voz (com certo ritmo e certa entoação), tem as possibilidades da mímica (expressão facial e gestos) e o contexto para ajudar o seu interlocutor a criar os significados;
iii. o interlocutor, por meio de sua expressão corporal, ajuda o locutor a avaliar sua própria fala e este, dependendo do resultado da avaliação, pode repetir, alterar ou reorganizar sua frase, mudar de tom, etc;
iv. a organização em turnos de falas exige dinamicidade e rapidez dos interlocutores, que não podem eliminar o que foi dito. Podem apenas interromper e retificar.

– A linguagem oral envolve diversidade de uso de registros, não é campo exclusivo do registro informal. As escolhas dependem dos interlocutores envolvidos e da situação comunicativa.

– Traços da linguagem escrita:
i. em geral, não há proximidade entre os interlocutores;
ii. o escritor não conta com recursos como a voz, os gestos, a clareza do contexto e as reações do leitor. Portanto, deve empregar recursos para reduzir a possibilidade de dúvidas de interpretação por parte do leitor;
iii. o escritor dispõe de tempo para revisar e editar seu texto e o leitor, para ler, reler, voltar atrás diversas vezes. Assim, repetições, interrupções, vacilos, mudanças de rumo das frases não cabem na escrita.

– A linguagem escrita não é território exclusivo do registro formal. Como na oralidade, os objetivos do locutor, as características do interlocutor e a função da comunicação determinam a escolha do registro.

– Discussão sobre a importância de se trabalhar a oralidade em sala de aula.

– Análise do Avançando na prática (p.86).

Atividades avaliativas previstas

– Desenvolvimento pelos cursistas de uma das atividades sugeridas nas seções Avançando na prática das Unidades 1 e 2.